Salmos 50:2

A beleza divina que brilha desde Sião

Desde a antiguidade, a cidade de Jerusalém, situada no topo de uma montanha, foi considerada um lugar sagrado e especial. Para os judeus, era a cidade de Davi, o local do Templo de Salomão e o centro de sua adoração a Deus. Foi em Sião que o Senhor escolheu habitar e onde prometeu proteger o seu povo.

No livro dos Salmos, encontramos várias referências a Sião, muitas vezes associadas à glória de Deus. O Salmo 50, em particular, é um convite à adoração e à confiança em Deus. Ele começa com uma descrição majestosa do Senhor, que aparece como um juiz que convoca toda a terra para o seu tribunal.

Em meio a essa cena grandiosa, surge a imagem de Sião, a cidade santa que é o centro do universo divino. É de lá que Deus resplandece, irradiando a sua perfeita beleza para todo o mundo. A palavra hebraica usada no versículo para "resplandecer" é "ya'ar", que significa brilhar intensamente, como o sol ou uma chama. É uma imagem poderosa que evoca a presença divina em Sião, que é como um farol para todos os povos.

Mas por que Sião é tão importante para os judeus e para a Bíblia como um todo? A resposta está na história do povo de Israel e na sua relação com Deus. Desde os tempos de Abraão, Deus prometeu abençoar a sua descendência e dar-lhes uma terra para habitar. Essa terra era Canaã, que incluía a região onde hoje fica Israel e Palestina.

Durante séculos, os israelitas vagaram pelo deserto e lutaram contra inimigos para conquistar essa terra. Quando finalmente estabeleceram-se lá, construíram o Templo em Jerusalém como o centro da sua adoração a Deus. Esse Templo era o lugar onde o sacrifício era oferecido, onde o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos uma vez por ano, e onde o povo se reunia para celebrar as festas religiosas.

Assim, Sião se tornou o símbolo da presença de Deus entre o seu povo. Era o lugar onde Ele escolheu habitar, onde Ele prometeu proteger e abençoar. Quando os judeus foram exilados para a Babilônia em 586 a.C., eles perderam o Templo e a sua cidade sagrada. Mas mesmo no exílio, eles mantiveram a esperança de um dia voltar para Sião e reconstruir o Templo.

Essa esperança se realizou em parte quando o rei persa Ciro permitiu que os judeus voltassem para Jerusalém e reconstruíssem o Templo em 538 a.C. Mas a cidade continuou a ser governada por estrangeiros e a sua glória nunca mais foi a mesma.

No entanto, a esperança de um dia ver Sião restaurada e glorificada permaneceu viva na mente dos judeus. E essa esperança se cumpriu novamente em Jesus Cristo, que veio como o Messias prometido para salvar o seu povo e estabelecer o seu reino em Sião.

Hoje, a cidade de Jerusalém ainda é um lugar sagrado para judeus, cristãos e muçulmanos. E a imagem de Sião como o lugar onde Deus resplandece continua a inspirar a nossa imaginação e a nossa adoração. Que possamos olhar para Sião com os olhos da fé e ver a beleza divina que brilha desde lá.