Marcos 7:9

A crítica de Jesus às tradições que anulam os mandamentos divinos

Em Marcos 7:9, Jesus faz uma crítica contundente aos fariseus e escribas que, em nome da tradição, anulavam a Palavra de Deus. Ele denuncia a hipocrisia deles que, ao mesmo tempo em que se preocupavam com a observância de ritos externos, descuidavam dos valores éticos e morais que deveriam orientar suas vidas.

Essa passagem se insere num contexto em que os líderes religiosos questionam Jesus por não seguir as tradições judaicas de purificação. Eles se escandalizam ao ver que os discípulos de Jesus comem com as mãos impuras, isto é, sem lavá-las ritually. Jesus, por sua vez, rejeita a acusação dos fariseus e, em vez disso, os acusa de anular a Palavra de Deus por causa de suas tradições.

Para entender melhor a crítica de Jesus, é preciso lembrar que, na época, havia uma grande preocupação com a pureza ritual, isto é, com a observância de normas que visavam manter a separação entre o sagrado e o profano. Essas normas incluíam, por exemplo, a lavagem das mãos antes das refeições, a purificação dos utensílios de cozinha e a abstinência de certos alimentos considerados impuros.

Embora essas práticas tivessem uma base bíblica, elas foram sendo ampliadas e detalhadas ao longo do tempo pelos líderes religiosos, que criaram uma série de regras e regulamentos para garantir a pureza ritual. Essas tradições, porém, acabaram se tornando mais importantes do que a própria Palavra de Deus, a ponto de anulá-la em alguns casos.

Foi contra essa mentalidade legalista e hipócrita que Jesus se insurgiu. Ele não negava a importância da pureza ritual, mas criticava o fato de que ela se tornara um fim em si mesma, em detrimento dos valores mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade.

Ao dizer que os fariseus estavam sempre encontrando uma boa maneira para pôr de lado os mandamentos de Deus, a fim de obedecer às suas tradições, Jesus estava denunciando a inversão de valores que havia ocorrido. Em vez de se preocuparem com a obediência à Palavra de Deus, os líderes religiosos estavam mais preocupados em manter suas tradições e sua posição de poder.

Essa crítica de Jesus é atual e relevante para nós hoje. Quantas vezes não caímos na armadilha de valorizar mais as tradições e as normas do que os valores éticos e morais que deveriam orientar nossas vidas? Quantas vezes não nos preocupamos mais com a aparência do que com a essência? Que possamos aprender com a crítica de Jesus e buscar sempre a verdadeira obediência à Palavra de Deus, em vez de nos apegarmos a tradições vazias e hipócritas.