Lucas 20:25

A história por trás da frase que separa o que é de César e o que é de Deus

Em um momento de grande tensão política e religiosa, um grupo de fariseus se aproximou de Jesus e o questionou: "É lícito pagar tributo a César ou não?". A pergunta era uma armadilha, pois se Jesus respondesse que não, seria acusado de traição ao Império Romano, e se respondesse que sim, seria visto como um colaborador dos opressores. Mas Jesus, como sempre, encontrou uma resposta sábia e profunda: "Dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus".

Essa frase se tornou uma das mais famosas e citadas da Bíblia, e é frequentemente usada para defender a separação entre Estado e religião, ou para justificar o pagamento de impostos. Mas seu significado original vai muito além disso.

Para entender o contexto da resposta de Jesus, é preciso lembrar que a Palestina na época estava sob domínio romano, e os judeus viviam sob uma dupla opressão: a dos romanos, que cobravam impostos e impunham suas leis e costumes, e a dos líderes religiosos, que controlavam a vida espiritual e impunham suas tradições e rituais. Os fariseus que perguntaram a Jesus sobre o tributo eram justamente representantes dessa elite religiosa, que se opunha ao poder romano mas também se beneficiava dele.

Ao responder que se deve dar a César o que é de César, Jesus estava reconhecendo a autoridade do Império Romano sobre a Palestina ocupada, mas ao mesmo tempo mostrando que essa autoridade era limitada e relativa. O que pertence a César são as moedas com sua efígie, que circulam no comércio e são usadas para pagar impostos e serviços públicos. Mas o que pertence a Deus é algo muito mais profundo e abrangente: a vida, a consciência, a liberdade, a dignidade humana, a justiça, a misericórdia, o amor.

Ao separar o que é de César e o que é de Deus, Jesus estava propondo uma visão radicalmente nova de poder e autoridade, que não se baseia em hierarquias, privilégios ou dominação, mas sim em serviço, humildade e amor ao próximo. Ele estava mostrando que a verdadeira revolução não é a conquista de territórios ou a submissão dos adversários, mas sim a transformação do coração humano, que só pode ser realizada por meio da graça divina e da colaboração humana.

Por isso, a frase "Dêem a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus" não é apenas uma orientação prática sobre o pagamento de impostos, mas sim uma profunda reflexão sobre a natureza do poder, da justiça e da espiritualidade. Ela nos convida a questionar as estruturas de opressão e injustiça que ainda existem em nossa sociedade, e a buscar uma visão mais ampla e generosa do que é verdadeiramente humano e divino.